A culpa é do álcool? Talvez não

É uma armadilha que a maioria de nós cai: fazer uma decisão precipitada ou lamentável depois de algumas cervejas. A culpa é da bebida, certo?
Um novo estudo mostra como o cérebro processa os erros na presença de álcool.
Em uma descoberta que vai contra o pensamento mais comum, verifica-se que ainda sabemos que estamos cometendo um erro quando estamos intoxicados. Nós simplesmente não nos importamos tanto.
As pessoas não assumirem que estão bêbadas é uma boa desculpa para fazer coisas que não deveriam estar fazendo. Não é porque elas fazem coisas bêbadas sem estar cientes de seu comportamento, mas sim parecem não se incomodar com as implicações ou consequências.
A pesquisa veio para clarear uma área de ambiguidade sobre o cérebro: será que a força da ERN – ou negatividade relacionada ao erro, “sinal de alarme” ativado no cérebro quando se comete erros – muda com a presença de álcool? Alguns trabalhos de investigação em 2002 concluíram que a intoxicação reduzia a capacidade do cérebro de detectar erros.
No entanto, o novo estudo desafiou essa suposição, perguntando se é possível que a capacidade continue a mesma, com o álcool apenas mudando a reação do cérebro, reduzindo a angústia que normalmente acompanha os erros.
No estudo, 67 pessoas com idades entre 21 e 35 anos foram divididas em três grupos. Enquanto dois dos grupos receberam um placebo (com 5% de álcool), ou apenas tônico simples, o terceiro grupo recebeu bebidas alcoólicas – 50% de álcool. Os participantes no terceiro grupo chegaram a um nível de álcool no sangue de cerca de 0,09% – acima do limite legal de condução. Os outros dois grupos mantiveram-se em 0,00%. Todos os participantes foram, então, encarregados de completar uma tarefa desafiadora no computador.
A equipe observou que, enquanto todos os grupos cometeram erros, aqueles que haviam consumido álcool eram menos propensos a perceber seus erros. Os bebedores também foram menos propensos a desacelerar depois de um erro.
No entanto, além de monitorar seu desempenho no computador, também foi medido o humor dos sujeitos.
Sem surpresas, o grupo do álcool relatou se sentir menos desanimado (por mais engraçado que pareça, o grupo que recebeu o placebo tinha um humor mais negativo). Usando essas medições, a equipe foi capaz de demonstrar uma correlação entre o humor dos participantes e a força do ERN. Um clima menos negativo se igualou a um ERN menos riogoroso.
Os resultados representam um passo importante na compreensão de como o álcool afeta o cérebro – e dos erros cometidos por pessoas que tomaram um par de cervejas.
O estudo também está buscando testar se a atividade cerebral relacionada ao erro também irá produzir mudanças em outras partes do cérebro quando as pessoas tentam corrigir seus erros. No que promete ser uma atividade de entretenimento sem fim para os assistentes de pesquisa, uma ressonância magnética funcional (imagens que medem a atividade cerebral) deve ser feita com os participantes do estudo.
E nada de por a culpa no álcool a partir de agora! [MSN]

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