‘Pílula do dia seguinte’ é vendida livremente em farmácias e drogarias de Rio Branco

20 de Janeiro de 2012  Agnes Cavalcante

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Alta dose do remédio pode prejudicar saúde da mulher, segundo especialistas

Embora seja evidente a indicação ‘venda sob prescrição médica’ nas caixas das chamadas “pílulas do dia seguinte”, na prática o alerta não funciona. Ainda é possível comprar o contraceptivo de emergência sem prescrição médica em quaisquer farmácias ou drogarias.
Segundo uma farmacêutica lotada em uma farmácia e drogaria no bairro Bosque em Rio Branco, são inúmeras as mulheres que vão ao estabelecimento comprar os referidos remédios, sem prescrição médica.
-A ação segundo a farmacêutica que não quis se identificar, ocorre porque a fiscalização não exige do estabelecimento a receita médica referente à este produto específico. “Muitas vezes nós temos que ‘dar uma’ de médicos aqui. As mulheres chegam e pedem o remédio em um momento precipitado de desespero; o que elas muitas vezes não sabem é que só correm o risco de engravidar se estiverem em seu período fértil, contudo, a maioria sequer sabe qual é esse período”, disse a farmacêutica.
O depoimento só remete à preocupação dos médicos. A auto-medicação ainda é um risco eminente em todo o país. O ginecologista Sérgio dos Passos Ramos, formado pela Universidade de Campinas (Unicamp) lembra que quanto antes a mulher tomar os comprimidos, maiores são as chances de prevenir a gravidez. "O ideal é procurar um ginecologista ou obstetra nas primeiras 24 horas depois da relação sexual sem proteção", diz.
Ramos enfatiza que o método de emergência não pode ser usado no dia a dia. "É um recurso, como o nome diz, emergencial, e não deve ser banalizado", afirma. Confira algumas dúvidas mais freqüentes das mulheres, respondidas pelos especialistas em saúde da mulher:
- Existem dois tipos de pílula. Um deles vem em dose única e o outro são dois comprimidos (um ingerido logo após a relação e outro após 12 horas). Seja qual for o tipo, deve ser usado no máximo 72 horas após a relação sexual. Quanto mais tempo demorar, menor será a eficácia.
- A pílula não funciona como um abortivo. Ela age antes que a gravidez ocorra. Se a fecundação ainda não aconteceu, o medicamento vai dificultar o encontro do espermatozoide com o óvulo. Agora, se a fecundação já tiver ocorrido, irá provocar uma descamação do útero, impedindo a implantação do ovo fecundado. Caso o ovo já esteja implantado, ou seja, já tenha iniciado a gravidez, a pílula não tem efeito algum.
- É preciso de receita médica para comprar a pílula, embora seja possível adquiri-la nas farmácias sem prescrição. No entanto, mesmo que você dispense a receita, procurar por orientação antes é indispensável. Só um ginecologista poderá dar certeza de que o medicamento é indicado para o seu caso.
- A ingestão dos comprimidos pode causar efeitos colaterais. O mais frequente deles é a alteração no ciclo menstrual e do tempo de ovulação. Em outras palavras, vai ficar impossível calcular seu período fértil e o dia da sua menstruação será um verdadeiro enigma. Além disso, dor de cabeça, sensibilidade nos seios, náuseas e vômitos são sintomas comuns. No caso de vômito ou diarréia nas duas primeiras horas após a ingestão, a dose deve ser repetida. Quem tem organismo sensível a medicamento e está tomando a pílula com indicação médica deve pedir a indicação de um remédio contra enjoos para tomar ao mesmo tempo.
- A pílula é contraindicada para quem sofre de alguma doença hematológica (do sangue), vascular, é hipertensa ou obesa mórbida. Isso porque a grande quantidade de hormônio pode provocar pequenos coágulos no sangue que obstruem os vasos.
- Se for tomada repetidas vezes, ela não perde o efeito, mas o risco de você engravidar aumenta. Normalmente, ele já é de 15% se você tomar depois de 24 horas de transar, contra uma média de 0,1% da pílula anticoncepcional comum.
- A pílula deve ser tomada apenas quando o método contraceptivo escolhido falha. Além de apresentar efeitos colaterais muito mais severos que a pílula comum, e ser bem mais cara, o contraceptivo de emergência não a protege das doenças sexualmente transmissíveis. Contra elas, só mesmo a boa e conhecida camisinha.
- Como o próprio nome diz, ela deve ser usada em casos excepcionais e não como um anticoncepcional de rotina, como muitas mulheres estão fazendo. A dose alta de hormônio do medicamento, cerca de 20% a mais do que o existente em uma drágea de anticoncepcional, aumenta o risco de efeitos colaterais.
- Como todo método, há risco de falha. Como já foi dito, quanto mais cedo a pílula for tomada, maior a sua eficácia.
- O uso da pílula pode afetar o aparelho reprodutor. A curto prazo causa uma verdadeira revolução na produção hormonal da mulher. Já, a longo prazo, depende da quantidade de vezes que a pílula do dia seguinte foi usada. Quanto mais, maiores os riscos. Caso ocorra a gestação ectópica, a mulher poderá perder uma trompa e isso dificultará uma futura gestação.

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