Técnica brasileira que trata hiperplasia benigna da próstata atrai atenção internacional

10/1/2012

Pioneira no mundo, a técnica de Embolização Arterial Prostática (EAP), desenvolvida no Hospital das Clínicas da USP, trata os pacientes com sintomas do trato urinário baixo (prostatismo) decorrentes da hiperplasia prostática benigna (HPB) com resultados semelhantes às cirurgias convencionais e atrai atenção de urologistas e radiologistas de centros da Itália, França, Grécia, Bélgica, Coréia do Sul e Estados Unidos que vieram ao Brasil para vivenciar a técnica e aplicá-la em seus países. Resultados clínicos levantados nestes centros internacionais serão somados à casuística nacional e publicados em artigo multicêntrico. Dados atuais mostram que a grande vantagem da EAP é que, além de ser minimamente invasiva, não apresenta complicações como sangramentos, ejaculação retrógrada, necessidade de sonda pós-operatória, estreitamento da uretra, disfunção sexual e incontinência urinária.

Foto: Wellcome Images
Com alta incidência em homens acima dos 40 anos a HPB, se não tratada, pode desenvolver grau acentuado de retenção do trato urinário devido ao aumento do volume da próstata, além de incontinência, infecções e retenção urinaria. Estima-se que metade dos homens na faixa dos 60 anos apresenta algum grau de HPB, sendo que 26% a 40% adquirem sintomas de moderados a graves no trato urinário baixo (bexiga) entre os 40 e 79 anos. A cirurgia de retirada da próstata é a opção para os casos mais graves, no entanto, os métodos convencionais como a ressecção da próstata através do canal da uretra (RTU-P) e laser, apesar de serem menos invasivos, podem causar sangramentos, gerar estreitamento da uretra, ejaculação retrograda (retenção do sêmen durante a ejaculação) e incontinência urinária.
Assumindo o desafio de alterar este panorama, uma equipe interdisciplinar do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP composta pelos radiologistas intervencionistas Francisco César Carnevale e Joaquim Mauricio da Motta Leal Filho e pelos urologistas Alberto A. Antunes e Eduardo Muracca, desenvolveram a técnica de EAP, um procedimento minimamente invasivo que não necessita de internação e é feito com anestesia local. Semelhante ao cateterismo, um minúsculo tubo flexível de 2 milímetros de diâmetro (cateter) é introduzido na artéria femoral (virilha). Este tubo navega até a próstata e uma substância a base de resina acrílica (inofensiva ao organismo) é injetada com o objetivo de reduzir a sua circulação. Após isto, a próstata diminui de tamanho e alivia a obstrução da uretra permitindo a passagem da urina.
Os pesquisadores acompanharam, durante um período mínimo de um ano e máximo de 3 anos e meio, pacientes com HPB e que faziam uso contínuo de sonda vesical como consequência de retenção urinaria aguda. Após este período, constataram que 10 entre 11 pacientes tratados (91%) com a nova técnica apresentaram 30%, em média, de redução do volume da próstata. Além disso, tiveram o trato urinário desobstruído e não necessitam mais do uso de sonda. “Além de ser minimamente invasiva, esta técnica propicia qualidade de vida e elevação da autoestima do paciente”, destaca o Dr. Carnevale.
Os resultados atrairam a atenção de urologistas e radiologistas intervencionistas de centros da Itália, França, Grécia, Bélgica, Coréia do Sul e Estados Unidos que vieram ao Brasil para vivenciar a técnica e aplicá-la em seus países. Dentre os visitantes, nomes que são referência mundial em radiologia intervencionista como Jean Pierre Pelage, Caine, França; Ziv Haskal, Maryland, Estados Unidos; Riad Salem e Howard Chrisman, Chicago, Estados Unidos; Charles Owens e James Bui, Chicago, Estados Unidos; Charlie Nutting, Englewood, Colorado; Sang Joon Park, Deajeon, Korea do Sul; Geert Maleux, Leuven, Belgica; Tito Torri, Carrara, Itália; Maurizio Grosso, Cuneo, Itália; Katerina Malagari, Atenas, Grécia e Justin S. Lee e James Spies, Washington DC, Estados Unidos. Este ultimo, Spies, professor e diretor de Radiologia, um dos entusiastas, tratou recentemente Condoleezza Rice com a embolização dos miomas uterinos sem necessidade de cirurgia.
O objetivo do treinamento destes médicos baseia-se no fato do desenvolvimento de um estudo internacional multicêntrico, coordenado pela Universidade de São Paulo, referente a EAP para os pacientes com HPB.


http://carnevale.com.br/teste/wordpress/2011/12/brasileiros-difundem-mundialmente-tecnica-que-desobstrui-bexiga-reduz-volume-da-prostata-e-elimina-sondas/

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